quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Jorge Luis Borges, o Entremeio e a Memória

Nesta quinta-feira apresento aos meus leitores duas passagens do maior ficcionista do Século XX, o argentino Jorge Luis Borges. 


A primeira delas, tirada do ensaio La muralla y los libros,  da obra Otras inquisiciones, expressa bem a noção do entremeio estético que anima as nossas reflexões neste Blog: 
“La música, los estados de felicidad, la mitología, las caras trabajadas por el tiempo, ciertos crepúsculos y ciertos lugares, quieren decirnos algo, o algo dijeron que no hubiéramos debido perder, o están por decir algo; esta inminencia de una revelación, que no se produce, es, quizá, el hecho estético”. (Jorge Luis Borges, La muralla y los libros, Otras inquisiciones).  
"A música, os estados de felicidade, a mitologia, os rostos trabalhados pelo tempo, certos crepúsculos e certos lugares querem nos dizer algo, ou algo disseram que não poderíamos ter perdido, ou estão por nos dizer algo; esta iminência de uma revelação, que não se produz, é, talvez, o fato estético". (Tradução de Sérgio Rebouças).


A segunda passagem, agora a respeito da memória estética, pertence a outro ensaio de Otras inquisiciones, chamado Sobre los clásicos
“Las emociones que la literatura suscita son quizá eternas, pero los medios deben constantemente variar, siquiera de un modo levísimo, para no perder su virtud. Se gastan a medida que los reconoce el lector. De ahí el peligro de afirmar que existen obras clásicas y que lo serán para siempre.
[...]
Clásico no es un libro (lo repito) que necesariamente posee tales o cuales méritos; es un libro que las generaciones de los hombres, urgidas por diversas razones, leen con previo fervor y con una misteriosa lealtad”. (Jorge Luis Borges, Sobre los clásicos, Otras inquisiciones).    
"As emoções que a literatura suscita são talvez eternas, mas os meios devem constantemente variar, ao menos de um modo levíssimo, para não perderem sua virtude. Eles se gastam à medida que os reconhece o leitor. Daí o perigo de afirmar que existem obras clássicas e que o serão para sempre. 
[...] 
Clássico não é um livro (repito) que necessariamente possui tais ou quais méritos; é um livro que as gerações dos homens, impelidas por diversas razões, leem com prévio fervor e com uma misteriosa lealdade." (Tradução de Sérgio Rebouças).

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