A Espanha é o maior produtor de azeite do mundo (mais de 40% da produção mundial), seguida por Itália e Grécia. A Comunidade Autônoma da Andaluzia, por sua vez, responde por 80% da produção olivareira espanhola, abrigando 61% das oliveiras daquele país (as principais províncias produtoras são as de Jaén e de Córdoba). A Espanha conta atualmente com 27 denominaciones de origen, isto é, regiões demarcadas, regulamentadas e protegidas de produção de azeite, das quais 14 são andaluzas. Além disso, há mais de 260 variedades de azeitonas (!), sendo mais conhecidas a pictual, a hojiblanca, a lechín, a arbequina, a verdial e a picuda. O azeite espanhol, apesar de tudo, é ainda pouco difundido no Brasil, considerando a grande variedade espanhola de regiões e de azeitonas, e os diferentes óleos que daí se produzem.
A título de referência ao leitor interessado nesse rico e barato prazer gastronômico, apresento 4 descobertas de azeites da Andaluzia:
1. Aceite NUÑEZ DE PRADO: Azeite da região demarcada D.O. de Baena, correspondente, no mapa que abre este post, ao número 17. Essa denominação de origem se insere nos limites da província de Córdoba. Trata-se de um óleo obtido de frutos selecionados nos olivais de 700 hectares de propriedade, por um método idealizado pelo Marqués de
Acapulco y Villanueva no início do século XX, que consiste em extrair a “flor
del aceite” de uma pequena quantidade de sumo de azeitona, através de um simples
filtro (elaboração tradicional e artesanal). O cultivo é orgânico, sem uso de fertilizantes
nem pesticidas artificiais. Azeite de aroma frutado, com um final amargo e ligeiramente picante.
2. Aceite FUENROBLE: Azeite do destacado produtor POTOSÍ 10 e inserido na D.O. de Sierra Segura (número 16 no mapa), província de Jaén. Já foi premiado como o melhor azeite da Espanha. A única azeitona utilizada é a pictual, que aqui adquire um caráter muito elegante. Um azeite delicioso e diferente.
3. Aceite CORTIJO DE LENTISCO: Também de azeitona pictual, esse é o azeite que conheço há mais tempo. Pertence à D.O. Poniente de Granada (número 25 no mapa), província de Granada. Produzido pela Agricosum, esse óleo tem muito corpo e aroma.
4. Aceite OLEO CARZORLA: Como o nome sugere, essa marca inclui-se na D.O. Sierra de Cazorla (número 21 no mapa), província de Jaén. O produtor é a Aceites la Casería de Santa Julia. Esse azeite tem cor dourado-esverdeada - assim como muitos outros de Jaén -, com um sabor frutado e picante.
Dos quatro, sem dúvida o Fuenroble é o mais marcante (como denuncia a quantidade de líquido na garrafa da foto...). Todos são ideais para consumir em crudo mesmo, com pão, mas se prestam também para refogar, ao contrário do que acontece com os azeites da azeitona lechín, por exemplo, que normalmente não se comportam bem no calor. A propósito, é um mito dizer que azeite para cozinhar pode ser qualquer um. Nada mais falso. Um molho de tomate, por exemplo, por certo levará o sabor peculiar do azeite empregado no sofritto (refogado inicial). Digo-o por experimentos próprios.
Alem disso, quem gosta de gazpacho (uma sopa fria andaluza) pode fazer um ótimo com qualquer dos óleos indicados. Outro bom emprego desses ricos azeites pode ser em um batutto como o o pesto italiano, com alho, manjericão, pinhões/pignoli (ou outra amêndoa), queijo pecorino e/ou parmesão. Aqui, aliás, funciona bem um belo azeite toscano, como o Frantoio Franci, de Grosseto; mas isso é tema para outra conversa.
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