segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Chet Baker and Bill Evans Legendary Sessions

Ouvi o Chet Baker and Bill Evans The Complete Legendary Sessions, lançado em 2010, e li a crítica do jornalista da BBC Michael Quinn. O álbum traz 15 gravações dos dois músicos, acompanhados - de acordo com a faixa - por Herbie Mann (flauta), Pepper Adams (sax barítono), Connie Kay e Philly Joe (percussão) e pelos notáveis Ken Burrell (guitarra) e Paul Chambers (baixo). 
Que dizer? Michael Quinn comenta que, apesar do temperamento parecido e do comum vício em heroína, Bill Evans era mais disciplinado e meticulosamente preciso que Chet Baker, cuja vida conturbada repercutia por vezes numa música errática e inconsistente. Só posso concordar: a produção de Evans é uniformemente primorosa, ao passo que a de Baker se mostra irregular, com avanços e recuos. Evans, de fato, com sua rara disciplina, não deixou que os descaminhos de seu vício interferissem na precisão de sua arte. Por outro lado, os rumos da música de Baker - e muitos dos principais traços que viriam a consagrá-lo - são inseparáveis dos acontecimentos extremos de sua vida. Certo é que, afora isso, estreitam-se Evans e Baker no estilo introspectivo e no lirismo insuperável de suas criações e, especialmente, interpretações. 
Creio já ter deixado suficientemente claro que os dois são meus músicos preferidos de Jazz e, por essa razão, foi com muita expectativa que me pus a conhecer as legendary sessions. O efeito, talvez inevitável, resultou ser de alguma decepção. Isso porque Evans parece muito comedido e se esconde nas várias faixas, muito aquém de seu potencial; ao passo que Baker, como bem identificou Quinn, revela-se por vezes apático. Isso ao ponto de o destaque, em alguns pontos, recair sobre outros músicos: Burnel (em September Song), por exemplo, mas também Adams e Herbie Mann. Mas não podemos esquecer que o grau de exigência decorrente de estarmos falando de Evans e Baker é o que conduz a semelhante avaliação. O álbum, apesar de tudo, tem momentos excelentes, e não pode ser reduzido às "inconsistências" de Baker e às "cautelas" de Evans, embora esse último ponto, para mim, sobressaia. Há instantes de beleza que o talento lírico desses músicos nunca teria deixado passar, ainda que por descuido; como em You'd Be So Nice to Come Home To, If You Could See Mee Now e Tis Autumn. Enfim, não é nem de longe a máxima expressão do talento desses músicos, nem um bom exemplo de entrosamento, mas vale a pena. 

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