Esta semana andei recordando a viagem que Roberta e eu fizemos a Bogotá e a Cartagena de Índias, na Colômbia. Duas cidades bem diferentes entre si, a realçar o contraste que é marca colombiana: Bogotá fria, escura, alta; Cartagena quente, ensolarada, no nível do mar onde desemboca. Ambas, porém, encerram o espírito alegre e colorido do colombiano. Não há mais que dedicar maiores atenções à alardeada insegurança da Colômbia, tristemente associada ao terror do narcotráfico. Por mais que o atual estado das coisas seja de segurança ostensiva e imposta - como o olhar mais desavisado pode captar nas ruas de Bogotá, vigiadas pela guarda e pelo exército -, a imagem antes divulgada, se nunca foi a real, hoje nem mais se sustenta. Disso me ficou somente a cena de um soldado de capuz e fuzil, como que adormecido numa rua escura e deserta do bairro bogotano de La Candelaria. Mas o que realmente cultivo de minha experiência colombiana - um rico café, uma interessante gastronomia, a simplicidade das pessoas - compartilho assim com os leitores destes entremeios:
1. Pátio do Museo Botero, em Bogotá. Fernando Botero é um conhecido artista colombiano, em cuja memória o Banco Nacional mantém um belo e rico museu no bairro de La Candelaria. Botero é bastante característico pela forma das suas esculturas e pinturas, retratando pessoas e animais de corpo avantajado. Uma experiência inolvidable. Nas fotos, o bonito pátio do Museo e alguns exemplos da arte de Botero.
2. Andrés D.C., em Bogotá. Um restaurante-bar-"casa de show" (ou algo que lembre tudo isso) que é uma instituição colombiana. Mais conhecido é o Andrés Carne-de-Rés, que fica numa cidade fora, mas perto, de Bogotá; visitamos, porém, o Andrés D.C., mais recente, com seu prédio de vários andares. O caráter desse lugar reside na decoração inovadora (com uma multiplicidade de objetos e combinações), na inacreditável variedade do cardápio - entre pratos, petiscos e drinks -, nas pequenas cenas praticadas em cada mesa, no clima alegre e descontraído. O tamanho é incogitável antes de chegar lá. Fica num bairro nobre de Bogotá, que até lembra bairro carioca do Leblon (sem nenhuma maldade na comparação).
3. Ruas, praças e sossego de Cartagena de Índias. Andar e andar: eis o encanto de Cartagena, uma cidade que já foi um forte, preservando hoje um distinto centro histórico, que concentra a vida íntima da cidade entre as muralhas. Depois da caminhada, o aconchego de um dos elegantes hotéis boutique (como o La Merced) de onde se veem os telhados e o mar...
4. Bares e restaurantes de Cartagena de Índias. Cartagena é bem gastronômica (simples e saborosa), apesar de abrigar alguns restaurantes com muito mais fama do que méritos (caso do El Santísimo, na minha opinião). Apreciei o La Vitrola - reduto de Gabriel García Márquez - e o La Cevichería (não é exatamente um restaurante, e sim um lugar muito mal-arrumado que ficou famoso por causa de uma referência de Anthony Bourdain; mas nem por isso deixa de ser bom). Roberta, fiel à sua verve de estusiasta da cozinha italiana, citaria também o Enoteca. Entre os bares há o Café del Mar, para um elegante happy-hour num dos extremos das muralhas.
Gabriel García Márquez, já que falei dele, tem uma casa em Cartagena; não vive mais lá, no entanto. "Cuando vuelve viene acá", diz, orgulhoso, o simpático garçon do La Vitrola, que se parece com Gabo.
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