domingo, 18 de dezembro de 2011

"Habitar o Entremeio"






Vejo-me na premência de citar um trecho do Teoria da Viagem, do Michel Onfray, na tradução de Paulo Neves. Está ao serviço de um "prólogo" deste Blog (embora sua inserção como segundo post  - ao invés de primeiro - não seja aleatória nem despropositada): 

"O primeiro passo instala, de fato, um entremeio que tem a ver com uma lógica especial: não mais no lugar deixado, ainda não no lugar cobiçado. Flutuando, vagamente ligado a duas margens, num estado de ausência de peso espacial e temporal, cultural e social, o viajante penetra no entremeio como se abordasse as costas de uma ilha singular. Cada vez mais longe do seu domicílio, cada vez menos distante da sua destinação, circulando nessa zona branca, neutra, o indivíduo escala ficticiamente uma encosta ascendente, atinge um ponto zenital, para depois iniciar a descida. Vem-se de, vai-se para; acumulam-se os quilômetros que separam da nossa casa; reduzem-se os que nos aproximam da outra. Esse mundo intermediário obedece a leis próprias que ignoram as que regem as relações humanas habituais..."

Apesar da apresentação "científica" (teoria da viagem), este livro oferece uma bela imagem no subtítulo: poética da geografia, algo que será muito praticado por aqui.  

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