Para quem gosta de Jazz, vão aqui alguns entremeios dos meus discos favoritos, apresentados em ordem cronológica:
1. Kind of Blue (1959), de Miles Davis. O disco, por certo, não é só de Davis. Reúne ninguém menos que Bill Evans (piano), John Coltrane (sax), Paul Chambers (baixo), "Cannonball" Adderley (sax) e Jimmy Cobb (bateria). O que mais dizer de Kind of Blue, o despretensioso álbum dirigido por Miles Davis que se tornaria o disco mais vendido da história do Jazz e paradigma na história de toda a música... há muito a dizer, e muito já se disse. Para mim fica o destaque da introdução e dos solos de piano de Evans em Blue in Green, de uma elegância inigualável. A canção é quase um dueto entre Evans e Davis - já se especulou, aliás, que o próprio Evans teria escrito a música, o que não me estranharia, considerado o estilo. Devo citar também o trompete entrecortado e poderoso de Davis - e de novo os bons solos de piano - em Freddie Freeloader. Um álbum espetacular, que toda síntese reduziria; uma clara manifestação, que deve muito a Evans, do estilo modal jazz, o meu favorito, a propósito.
2. Sunday at the Village Vanguard (1961), do Bill Evans Trio. Esse disco foi gravado ao vivo e tem Evans no piano, o inovador Scott la Faro no baixo e Paul Motian na bateria. Um álbum precioso, que mostra uma integração incrível - já se disse telepática - entre três músicos. Não escondo minha preferência pelo estilo particular de Bill Evans. Destaque para Gloria's Step (que não recomendo em tardes de domingo) e Jade Visions, de uma força expressiva genial.
3. Our Man in Paris (1963), de Dexter Gordon. O álbum de Dexter Gordon gravado em Paris. Aqui expresso meu gosto particular pelo disco e por esse importante saxofonista, apontado como representante do bebop, mas que experimentou muita coisa mais. Participaram das gravações o pianista Bud Powell, o baixista Pierre Michelot e o baterista Kenny Clarke. O disco contém excelentes interpretações de clássicos do bebop, como Scrapple from the Apple, de Charlie Parker (o "Bird"), e a multigravada A Night in Tunisia, de Dizzy Gillespie - os dois (Parker e Gillespie), como se sabe, foram os inventores do bop, talvez a maior ruptura da história do Jazz, que guiaria, na década de 1930, os rumos futuros desse gênero.
4. A Love Supreme (1965), de John Coltrane. Coltrane (sax), McCoy Tiner (piano), Jimmy Garrison (baixo) e Elvin Jones (bateria). Esse álbum é dividido em quatro partes - Acknowledgement, Resolution, Pursuance e Psalm. Trata-se de um experimentalismo muito bem sucedido, com a mescla de diversos estilos. Inovador e de intensa profundidade. Coltrane é comumente inserido no hard bop ou, com mais frequência, no free jazz, mas seria temerário reduzir toda a sua produção a uma ou outra tendência. Não sou muito simpático ao free jazz - Ornette Coleman, por exemplo, não me apetece -, mas Coltrane está no meu quadro, e isso talvez diga alguma coisa. Serious music, very serious music, disse W. Marsalis sobre John Coltrane; bem compreendido, é isso aí.
5. White Blues, de Chet Baker. Esse disco reúne gravações instrumentais de Chet Baker em 1962 ("Italian Sessions") e de 1983 e 1986. Baker é o nível maior de elegância no trompete; o autêntico cool jazz ricamente perdurado. Não existirá contraste mais agudo entre uma vida tão conturbada e trágica e uma música tão suave e serena. Mas quem poderá cogitar da influência recíproca entre uma coisa e outra? De todo modo, a trajetória musical desse trompetista registrou, talvez, as mais belas frases saídas de um instrumento de sopro na história do Jazz. É a minha visão pessoal, claro; gosto muito de receber essa música na alma. Ainda não escutei as Complete Legendary Sessions de Chet Baker e Bill Evans, lançada em 2010, mas essa parceria me prediz grandes descobertas.
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