domingo, 18 de dezembro de 2011

Ainda Poe


Para mim, entusiasta da literatura e do cinema policiais, é recorrente o exercício do "se não fosse" em relação a Edgar Allan Poe. Que Sherlock Holmes não teria se tornado o que foi (devo dizer que alimento a convicção de que Sherlock realmente existiu), isto é certo. Mas, fora o exemplo dos primitivos métodos do Zadig de Voltaire - que prenunciam de forma muito rudimentar e episódica as deduções de Auguste Dupin e de Holmes -, o que hoje existiria entre nós disto que se convencionou chamar romance policial moderno e todas as suas implicações? Há aqui um ambiente (a cidade grande e o anonimato), uma tipologia de personagem (o investigador particular excêntrico) e alguns métodos dedutivos de pungente originalidade prefigurados em O homem na multidão (no que se refere ao ambiente, em especial) e consolidados  n'Os crimes da rua Morgue, em que encontramos Dupin pela primeira vez.      


Embora pareça um exercício algo inútil, vale como ponto de partida para a pesquisa da extraordinária influência de Poe para a posteridade. Isso levando em conta especialmente o fascínio que os métodos - inclusive a estrutura narrativa - por ele inventados (um raro exemplo de autêntica originalidade)  inspiram até hoje, como dão conta o sucesso do médico Gregory House e a contemporânea revisita a Holmes, para ficarmos só com essas referências.   

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